5. A coroação de Nossa Senhora no céu



Leitura: 2Tm 2,8.11-12a; Ap 12,1-2; Mt 2,11
Em geral este é o mistério menos compreendido de todo o rosário! Tem um sentido riquíssimo e, muitas vezes, ficamos em idéias superficiais, pensando que Nossa Senhora recebeu uma coroa em sua cabeça numa cerimônia determinada e, agora, manda em tudo. Nada disso é real, nada disso é o sentido deste mistério.
Primeiro: nunca esqueçamos que no Reino de Deus, reinar é servir! Dizer que Nossa Senhora é Rainha é afirmar que aquela que se designou e viveu como “a Serva do Senhor” (Lc 1,38) continua plenamente esse serviço, repetindo eternamente: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2,5). É assim que, Esposa do Espírito Santo, ela, imagem viva da Mãe Igreja, nos gera para Cristo em dores de parto (cf. Ap 12,2). Então, Maria é Rainha porque é Serva. Seu reinado não é fazer o que bem quer, mas querer somente a vontade do Senhor e nos ensinar a fazê-la plenamente, como ela mesma fez! Cumpre-se, portanto, a Palavra de Deus: se com Cristo sofrermos, com ele reinaremos (cf. 2Tm 2,12a). Aquela que morreu maternalmente de modo único e perfeito ao pé da cruz, agora reina maternalmente com o Senhor, no seu serviço real de nos ensinar, com seu exemplo e sua intercessão, a fazer sempre o que o Senhor quiser!
Mas, poderia alguém perguntar: como se pode chamar Nossa Senhora de Rainha, se ela não é esposa do Cristo-Rei? Ora, nas cortes do Oriente, não era a esposa do rei que tinha alguma autoridade e honra; era a mãe do rei, conhecida como ghebirá. Só para dar alguns exemplos, é interessante observar em 1Rs 1: quando Bersabéia é apenas esposa de Davi, prostra-se diante dele e chama-o de senhor; quando seu filho Salomão se torna rei, ela agora, como mãe do rei, tem outra autoridade: seu filho se prostra diante dela, conduz-la pela mão e assenta-a num trono ao lado do seu. É que agora ela era a ghebirá. Pode-se ver também que nos livros dos Reis, sempre que se dá o nome de um rei de Israel, indica-se o nome da rainha-mãe, a ghebirá...
Agora, contemplemos o que diz São Mateus: os magos chegam a Jerusalém, capital de Israel, vão ao palácio real e perguntam: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos sua estrela e viemos homenageá-lo” (Mt 2,2.). Pois bem, esses magos vão encontrar o reizinho recém-nascido. Escutemos o encontro, descrito pelo evangelho com o protocolo real: “Ao entrar na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o homenagearam” (Mt 2,11). Eles entram onde está o Rei e o encontram com a sua ghebirá! A Virgem é e será sempre rainha coroada com doze estrelas (cf. Ap 12,1). Doze é o número da Igreja e do antigo Israel. Nossa Senhora é rainha sim, porque serve perfeitamente, é a Mãe do Menino que nasceu para nós, do Filho que nos foi dado, e até o fim do mundo nos dará à luz Jesus, o seu menino, “o varão que irá reger todas as nações com um cetro de ferro” (Ap 12,5). Entremos, portanto, também nós: encontraremos sempre Jesus com Maria, sua Mãe; ajoelhemo-nos e adoremos para sempre o nosso bendito Salvador, a quem a honra e a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.