Os mistérios
gloriosos
Para começar, é importante compreender
que todos os cinco mistérios gloriosos nada mais são que aspectos da
ressurreição de Cristo; são como que efeitos e manifestações da glória do
Cristo ressuscitado.
1. A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo
Leitura: Mt 28,1-8; Mc 16,1-8; Lc
24,1-10; Jo 20,1-10
A primeira coisa a contemplar-se aqui é
o próprio acontecimento em si: o Pai, na madrugada do primeiro dia após o
sábado dos judeus, iniciou um novo tempo para a humanidade: ele derramou o seu
Espírito Santo sobre o corpo e a alma de Jesus. Seu corpo estava no túmulo e
sua alma, na mansão dos mortos, isto é, naquele estado de espera em que se
encontrava toda a humanidade. Assim, em corpo e alma Jesus foi totalmente
impregnado pelo Espírito Santo, totalmente transfigurado e divinizado na sua
natureza humana (corpo e alma) igual à nossa. Ele agora é, mais que nunca, todo
do Pai, todo com o Pai, todo na glória do Pai. Contemplar a ressurreição é
enxergar desde já qual é o destino de nossa humanidade, de nosso corpo e de
nossa alma!
O fato da ressurreição do Senhor
faz-nos admirar a absoluta fidelidade do Pai, que nunca abandona quem a ele se
confia. Na paixão parecia que o Pai ignorava o Filho, tinha-o abandonado...
Mas, não: Deus o glorificou de um modo total, pleno, definitivo e eterno! Se
Deus corrige, também salva; se fere, cura a ferida; se deixa morrer também
ressuscita... A última palavra do Pai para o seu amado Filho não é a humilhação
ou a morte, mas a vida e a ressurreição.
Dito isso, podemos contemplar a glória
na qual Jesus se encontra. Aquele que vimos humilhado, estraçalhado pela dor, o
sofrimento e a morte, agora vemo-lo totalmente glorificado e triunfante: “Eu
sou o Primeiro e o Último, o vivente; estive morto, mas eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Norte e do Hades” (Ap
1,17b-18). Agora o Senhor já não mais pertence a este nosso mundo, com suas
sombras e dores. Ele entrou num estado de vida definitiva: seu corpo e sua alma
estão totalmente transfigurados. Ele já não sofre, não é tocado por privações,
dores nem muito menos pela morte! As dimensões de tempo e espaço, as
propriedades de nosso mundo material assim como o conhecemos já não têm nenhum
efeito ou poder sobre Jesus. Ele, agora, é o Homem pleno, o homem perfeito, o
Homem como Deus nos imaginou desde toda a eternidade! Jesus glorificado, é
portanto, o nosso Destino, o nosso Modelo, a nossa Finalidade!
Ele, cheio do Espírito Santo, que é o
Senhor e Doador da Vida, derrama este Espírito já pelos sacramentos e derramará,
um dia, de modo pleno, sobre todos e cada um de nós e sobre toda a criação. É
no Espírito de Cristo glorificado que nós mesmos e o universo inteiro seremos
transfigurados na glória da eternidade. Então, a ressurreição de Jesus é a
causa da nossa ressurreição e a sua glória é o início da nossa glorificação!