O
Papa Francisco lançou neste sábado um vibrante apelo para que todos
"trabalhem pela paz e a reconciliação" para pôr fim à guerra,
"que é sempre uma derrota para a humanidade", durante uma vigília de
jejum e orações pela paz na Síria.
"A
guerra é sempre uma derrota para a humanidade", afirmou o santo padre
diante de 70.000 pessoas do mundo todo reunidas na Praça de São Pedro.
"Na
querida nação Síria, no Oriente Médio, em todo o mundo, rezemos pela
reconciliação e a paz, trabalhemos pela reconciliação e a paz", afirmou
Francisco, calorosamente aplaudido pelos fieis.
"Quando
o homem só pensa em si mesmo, em seus próprios interesses, quando ele é
seduzido pelos ídolos da dominação e do poder, quando ele se coloca no lugar de
Deus, ele arruína todas as relações, ele arruína tudo. E isso abre as portas
para a violência ", afirmou, em uma longa meditação sobre a "bondade
da criação de Deus e o caos que provoca a violência entre irmãos". Ele
voltou, assim, ao tema da primeira missa de seu pontificado: o homem é chamado a
ser "o guardião de seu irmão e da criação".
"A
violência e a guerra são a linguagem da morte! Eu vos pergunto: É possível ir
por outro caminho? Podemos aprender a andar novamente e os caminhos da
paz?"
"Esta
noite, gostaria que em, todas as partes da Terra, gritássemos: sim é possível!
Ou melhor, gostaria que cada um de vocês respondesse: sim, nós queremos!",
afirmou.
Por
iniciativa da Igreja Católica, cristãos, muçulmanos, budistas, ateus e pessoas
não religiosas foram convocados neste sábado a uma jornada mundial de jejum e
orações contra uma intervenção armada na Síria.
"A
paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a
Humanidade", publicou o Papa no Twitter nesta sexta-feira.
Às
14H00 de Brasília, teve início a vigília na Praça de São Pedro, que irá até as
18h00, alternando momentos de oração e silêncio.
"Que
se eleve forte em toda a Terra o grito da paz!", exclamou na quarta-feira
o Papa, para convocar 1,2 bilhão de cristãos, fieis de outras religiões e ateus
a refletir sobre a paz na Síria.
Francisco,
que enviou uma carta à cúpula do G20 em São Petersburgo, se opõe à intervenção
militar na Síria prevista pelos Estados Unidos e França, já que considera que
isso irá piorar o massacre, aumentar o ódio, e não poderá ser uma ação limitada.
"Ouvimos
esta voz procedente do mundo inteiro e nos emocionamos com esta corrente de
solidariedade iniciada pelo Papa", comentou, por telefone, falando ao
canal Sky TG24, o núncio apostólico em Damasco, monsenhor Mario Zenari.
Zenari
compareceu à catedral melquita para um vigília de oração ecumênica que reuniu
também ortodoxos e muçulmanos.
Mais
de mil cristãos sírios se juntaram em oração em uma igreja de Damasco.
A
missa foi celebrada na Catedral da Dormição de Nossa Senhora, sede do
arcebispado greco-católico melquita, em Bab Charqi, Cidade Velha de Damasco.
"Que
Deus proteja a Síria", cantaram os fiéis durante a missa, celebrada pelo
patriarca católico melquita Gregorio III Laham.
A
convocação papal teve especial repercussão no Oriente Médio, onde os
patriarcas, geralmente rivais entre si, se uniram na preocupação com as
consequências de uma propagação da guerra e ascensão islamita.
O
patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, apoiou a iniciativa do Papa, asim como
o grande mufti Ahmad Badredin Hassun, líder do islã sunita na Síria, que pediu
aos fieis que se unam à oração do Papa.
O
patriarca maronita, Beshara Butros Rai, conduzirá uma oração na Basílica de
Nossa Senhora do Líbano, em Harissa, norte de Beirute.
O
vice-presidente do Alto Conselho xiita do Líbano, xeque Abdel Amir Qabalan,
respondeu favoravelmente ao apelo de Francisco.
O
patriarca de Antioquia e do Oriente para os greco-católicos, Gregório Laham,
convocou todos os fieis ao jejum, e pediu que os religiosos abram as igrejas
para as orações.
O
cardeal brasileiro Dom João Braz de Aviz, presidente do Conselho Pontifício
para as Ordens Religiosas masculinas e femininas nos cinco continentes, também
pediu para que os fieis respondam maciçamente à convocação.
Muitos
grupos de não religiosos, como o Partido Radical Italiano, anticlerical, e o
pequeno partido de extrema esquerda SEL, apoiaram a iniciativa de Francisco, e
o prefeito de esquerda de Roma, Ignazio Marino, comparecerá à Praça de São
Pedro.
Fontes: www.terra.com.br/